Em terreno bastante acidentado vamos descobrindo paisagens pitorescas próprias da montanha. Dornes é sem dúvida uma jóia do Zêzere. Ergue-se numa espécie de península cercada pelas águas da Albufeira de Castelo de Bode e só ligada a terra firme por uma estreita lingueta. A água espreita-nos de facto por todos os lados. Dornes situa-se no extremo norte do distrito de Santarém, concelho de Ferreira do Zêzere. Pequena e singela povoação hoje cercada pelas águas do Zêzere, que viram alargados os seus domínios com a Barragem de Castelo de Bode.
A Torre de Dornes avista-se de longe. Fez parte de uma antiga fortificação dos Templários. Efectivamente, esta torre templária foi mandada edificar sobre estruturas romanas por D. Gualdim Pais (1118-1195), mestre da Ordem do Templo que reformulou e reforçou o sistema defensivo da linha do Tejo. Mais adiante, em 1321, era a Vila uma das Comendas da Ordem de Cristo. No interior da atalaia de traçado pentagonal existem várias lápides funerárias de cavaleiros da Ordem do Templo. No século XVI, foi adaptada para torre sineira da igreja. Vale a pena realçar outros detalhes como as talhas douradas, o órgão de tubos ibérico do século XVIII (recentemente restaurado) e a imagem de Nossa Senhora do Pranto, ou das Dores.
Em termos de acontecimentos e tradições, religiosos e não só, esta antiga vila é rica em história, património e manifestações. Se no ano de 1513 Dornes atingiu o seu auge com a atribuição de foral manuelino, é preciso assinalar que por aqui andaram romanos. Extraíam ouro das águas do rio e construíram as primeiras edificações. A igreja matriz, reconstruída no século XV, terá sido erguida no século XIII a mando da própria Rainha Santa Isabel. Há ainda quem defenda que Guilherme de Pavia terá mesmo recebido instruções para ali colocar a pietà sagrada de Nossa Senhora do Pranto. A ela estão associadas a mais diversas lendas e o seu culto fez do topónimo um importante centro de peregrinação desde a idade média.
O facto é que ainda hoje ocorrem nesta localidade (e arredores) eventos, uns mais perceptíveis do que outros. Pondo de parte o fluxo inerente a Fátima, a tradição dos Círios, que entre a Páscoa e o terceiro Domingo de Setembro chega a envolver cerca de 40 paróquias da região, é apenas um exemplo. Neste caso, as fases de maior afluência acontecem no Domingo de Espírito Santo e a 15 de Agosto. Mas nem sempre o adro exibe todas as suas graças. No íntimo destas feições inconfundíveis e verdejantes de um Portugal profundo e tranquilo, há mais. As Templárias andam por perto.
HERDADE DAS TEMPLÁRIAS
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2200 Abrantes
Portugal
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Ambiente e Território 808 200 520
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